Há algumas semanas atrás fui ao teatro da Trindade ver a peça “À espera de Godot” do dramaturgo Samuel Beckett, Nobel da Literatura em 1969. Na altura não fiz o post um pouco por preguiça, mas agora resolvi deixar algumas breves notas sobre o assunto para quem como eu gosta de teatro e de temas um pouco “obscuros” que nos deixam a pensar.
E a peça é um pouco isso, uma obscura espera de Godot, e digo obscura porque nunca chegaremos a ver nem a conhecer Godot apesar deste ser constantemente referido na peça por dois homens, Vladimir e Estragon, que aguardam a sua chegada a todo o momento.
O “fantasmagórico” Godot não tem presença física mas mentalmente está na cabeça destes dois homens que eternizam a sua espera a este personagem, como se eternizam os sonhos dos homens, de melhores dias, do fim da crise, de um melhor emprego, de uma casa melhor.......sonhos que fazem continuar sem cair no desânimo, mas que ao mesmo tempo entropecem a capacidade de agir e encobrem a impotência e medo do ser humano perante os problemas.
É neste contexto de espera, de Estragon e Vladimir, por Godot que surgem Pozzo e Lucky. Este último escravo de Pozzo, que como todos os oprimido nunca verbaliza a sua opressão e quando tem oportunidade de se expressar emite um discurso sem nexo. O tempo passa e tudo se mantêm inalterado como se o ser humanos passasse a vida à espera de Godot para realizar os seus sonhos irrealizáveis. Por culpa dele ou da sociedade?
Esta é uma peça que já sai de cena em Lisboa, mas pode ser que seja reposta noutra cidade do país. A peça tem como atores Pedro Lima, Pedro Laginha, Luís Vicente e René Barbosa. Estejam atentos.
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