10 fevereiro 2015

Cinema - Fim-de-semana com "Teoria de Tudo"


Filme - A teoria de tudo
No fim-de-semana passado fui ao cinema ver “ A teoria de tudo” do realizador James Marsh, com Felicity Jones e  Eddie Redmayn nos principais papéis. O filme é sobre a vida de Stephen Hawking, famoso astrofísico que abordou o primeiro de muitos teoremas de singularidade (que fornecem um conjunto de condições suficientes para a existência de uma singularidade no espaço-tempo) e sugeriu terem sido formados após o Big Bang, primordiais ou miniburacos negros.

O filme segue a luta deste excecional cientista para manter uma vida normal com Jane - uma jovem estudante com quem vem a casar - após lhe ter sido diagnosticada, aos 21 anos, esclerose lateral amiotrófica, uma doença degenerativa incurável, que paralisa os músculos do corpo sem no entanto, atingir as funções cerebrais.

É marcante a interpretação de Eddie Redmayn (não foi à toa que ganhou o Bafta para melhor ator) ao personificar o esfoço de Stephen Hawking para suplantar as contrariedades da doença, a paciência e resignação com que aceita toda a situação após a primeira fase de revolta. O seu esfoço para comunicar, fechado dentro de um corpo que o isola da vida e do mundo, como se de uma masmorra se tratasse. Também Felicity Jones tem um desempenho notável no papel de Jane, ao conseguir transmitir-nos o esforço desta para manter uma vida normal (numa vida que nada tem de normal) apesar dos contratempos que tem de ultrapassar sozinha para criar os filhos e ajudar o marido na sua luta diária.

Apesar dos  excelentes desempenhos dos dois atores e da tremenda história de vida de Stephen Hawking, o filme fica aquém das expectativas. Ao evitar ferir a suscetibilidades dos principais visados – com o que concordo plenamente até porque não gosto de “dramalhões” - o realizador acaba por retirar toda a carga dramática ao filme e à vida de Stephen, transmitindo com a ausência de conflito um excessivo sentimento de resignação e passividade dos personagens perante as agruras da vida.
O ser humano é por natureza cheia de defeitos e contradições. Pensar que não houve excessos, revoltas e injustiças no dia-a-dia deste casal é transmitir uma ideia demasiado perfeita de uma realidade por certo bastante amarga.   

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